Bahrain Telegraph - China diz que 'porta está aberta' para negociações após Trump sinalizar queda das tarifas

China diz que 'porta está aberta' para negociações após Trump sinalizar queda das tarifas
China diz que 'porta está aberta' para negociações após Trump sinalizar queda das tarifas / foto: © AFP

China diz que 'porta está aberta' para negociações após Trump sinalizar queda das tarifas

A China afirmou nesta quarta-feira (23) que está aberta a conversar com os Estados Unidos sobre as tarifas, depois que o presidente Donald Trump mencionou a possibilidade de um acordo, o que aumenta as esperanças de uma possível diminuição das tensões comerciais.

Tamanho do texto:

Desde o seu retorno à Casa Branca em janeiro, Trump impôs tarifas de pelo menos 10% aos produtos que entram em seu país e de até 145% para um grande número de importações chinesas. Pequim respondeu com tarifas de 125% sobre os produtos americanos.

"A China já disse previamente que em uma guerra comercial e de tarifas não há vencedores", afirmou o porta-voz da diplomacia de Pequim, Guo Jiakun. "A porta para conversar (com os Estados Unidos) está escancarada", enfatizou.

O presidente chinês Xi Jinping também elevou a pressão, ao declarar que as guerras tarifárias e comerciais "minam os direitos e interesses legítimos de todos os países, prejudicam o sistema multilateral de comércio e impactam a ordem econômica mundial".

As declarações ocorreram um dia após Trump anunciar uma redução "substancial" das tarifas sobre a China, o que representou um alívio aos mercados mundiais, afetados na segunda-feira pela decisão dos investidores de abandonar ativos americanos.

O presidente americano reconheceu na terça-feira, à margem de uma cerimônia na Casa Branca, que 145% é um nível "muito elevado" e que "vai cair substancialmente". Segundo uma pessoa que compareceu ao evento, Trump antecipou que uma desescalada acontecerá em breve.

A possibilidade animou os mercados financeiros nesta quarta-feira, em particular depois que Trump também declarou que não tem "nenhuma intenção" de demitir o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell.

As críticas virulentas de Trump ao presidente do Fed haviam provocado a queda dos três principais índices da Bolsa americana na segunda-feira.

O republicano critica Powell por sua política de juros e por ter alertado que a política tarifária da Casa Branca provavelmente provocará o aumento da inflação.

"Gostaria de vê-lo um pouco mais ativo" na redução dos juros porque "é o momento perfeito para isso", disse Trump.

Os mercados europeus abriram em alta nesta quarta-feira: Paris avançava 1,5%, Frankfurt 2,4%, Londres 1,2% e Milão 1,1%.

- Recuo -

Em um evento a portas fechadas organizado pelo banco JP Morgan Chase em Washington, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, assegurou na terça-feira que as tarifas equivalem a um embargo comercial recíproco.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse aos jornalistas que o governo "vai muito bem em relação a um potencial acordo comercial com a China".

E, assim como recuou nas tarifas, Trump também diminuiu o tom a respeito do presidente do Fed, depois que seus ataques contra Powell provocaram a queda dos mercados.

Na semana passada, o magnata republicano havia afirmado que "já era hora de o mandato de Powell terminar".

O segundo mandato do presidente do Fed, nomeado pelo próprio Trump durante o seu primeiro mandato e designado novamente pelo presidente democrata Joe Biden, termina em maio de 2026.

Powell advertiu que a guerra comercial iniciada por Trump com as tarifas poderia representar um fardo para a economia americana.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) espera que a economia americana cresça 1,8% este ano, 0,9 ponto percentual a menos que em sua estimativa anterior de janeiro.

Um ritmo acelerado de redução dos juros pelo Federal Reserve estimularia a economia ao tornar o crédito mais acessível. Mas também traria o risco de um aumento dos preços, além do efeito inflacionário que as tarifas já podem ter.

Diante dessa situação complicada, Powell optou pela cautela.

F.al-Muharraqi--BT